
Sabrina Morello (Foto: Priscila Dias)
Por mais que todos nós tentemos fugir, nossa vida sempre se baseia em perguntas e pontos de interrogações. Existem aqueles que se autodefinem decididos, mas no fundo, quando a situação aperta, a indecisão acaba aflorando. E não são apenas os jovens e adultos que compartilham de dúvidas. As crianças também participam desse grupo, por mais que não tenham problemas e responsabilidades.
E junto com a compreensão da fala, surgem as primeiras perguntas. De onde os bebês nascem? De onde eu vim? Como o bebê sai da barriga? O que é transar? E camisinha? O que é ser gay? Deus mora no céu? Por que ele não aparece para a gente ver? Para onde a vovó vai depois de morrer? Por que o papai não mora mais com a gente? Vocês não são mais amigos? Posso tomar cerveja? Se fumar faz mal, por que você fuma? Por que a cadeira não se chama sentadeira? Jogar videogame ou brincar lá fora? Carrinho ou bola? Boneca ou esconde-esconde?
E depois de alguns anos, as perguntas mudam para a fase mais crítica: adolescência, mais conhecida como aborrescência. Será que o fulano me acha bonito (a)? Como se beija de língua? Aids se pega pelo beijo? O que é menstruação? Por que as meninas sangram todo mês? O que é fimose? E masturbação? E orgasmo? É normal sair gosminha do pênis? O que é perder a virgindade? Vai doer e sangrar? E quando é a hora certa? É possível engravidar se o homem ejacular na calcinha? Posso experimentar drogas? Que profissão seguir? Escolher pelo dinheiro ou vocação? Cursos bons são só medicina, direito, odontologia e engenharias? Faculdade pública ou privada? E se eu não passar no vestibular?
Viver cheio de dúvidas ou jogar tudo para o ar?
Enfim, a fase adulta. Faculdade, trabalho, responsabilidade, dor de cabeça, problemas e dúvidas. Ah, as dúvidas! As consequências de cada escolha passam a ser cada vez piores. Que tema escolher para meu TCC? Monografia ou artigo científico? Fazer pós fora do País ou trabalhar? Será que um dia finalmente ganho na Mega Sena? Pedir aumento ou fingir que recebi uma proposta da concorrência? Casar ou comprar uma bicicleta? Ter filhos ou cachorros? Ter dor de cabeça durante nove meses todas às noites é normal? Começar um curso de inglês pela 56ª vez? Posso mandar meu chefe ir catar coquinho? Fazer compras no mercado ou pagar as dívidas? Como educar meus filhos? Ele não atendeu ao celular, será que foi sequestrado? Como será minha velhice? Quem vai cuidar minha empresa quando eu me aposentar? Será que morrer dói?
E quando você consegue encontrar todas as respostas, as perguntas mudam. E, por mais que os assuntos mudem, as dúvidas vão sempre permanecer nas nossas vidas. Afinal, viver cheio de dúvidas ou jogar tudo para o ar? Eis a questão.