
Dodge Dart De Luxo, marrom Iguaçu, ano 1976 e com motor V8 (Foto: Sabrina Morello)
Mesmo com os avanços da indústria automobilística, os carros antigos ainda chamam muita atenção, seja pela beleza, barulho ou exclusividade dos modelos. Por conta disso, os encontros de carros históricos estão sempre cheios de adultos, jovens e até crianças acompanhadas dos pais. Em Maringá, é muito comum encontrar modelos como Dodge, Fusca ou Landau pelas ruas. Colecionadores importam peças raras para deixar os carros ainda mais originais. Mais do que colecionadores, eles são apaixonados por carros antigos.
As pessoas viajam no tempo ao ver essas relíquias passeando pelas ruas da cidade. O engenheiro mecânico Maurício Engel, 51, empresário, é dono de um Dodge Charger RT, amarelo, ano 1975, motor V8, e também de um Dodge Dart De Luxo, marrom Iguaçu (cor manipulada e rara, por causa da dificuldade em atingir o tom desejado), ano 1976, motor V8. Segundo ele, essa “viagem no tempo” acaba se tornando prazerosa também para os colecionadores. “Maior prazer em ter um carro antigo é mostrar para as pessoas os ícones do passado, ver outras pessoas admirando os carros nas ruas. Alguns até me param para perguntar sobre o carro.”
Existem várias categorias para emplacamento de veículos no Brasil. Uma delas, é a categoria de coleção. As placas para esses veículos seguem os modelos e medidas normais, só é mudada a cor. O fundo é preto e os caracteres grafados em cinza. A “placa preta” é o sonho dos colecionadores.Conforme as resoluções nºs. 56 e 117 do Contran, é considerado apto a receber a placa preta, o veículo fabricado há mais de 30 anos e que conserva as características originais de fabricação. Esse carro também tem de fazer parte de uma coleção e apresentar Certificado de Originalidade, reconhecido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
O Contran adota o critério de originalidade mínima de 80% e estado de conservação mínimo de 70%. Em relação ao fato de ter de pertencer a uma coleção, o órgão permite que seja particular ou de um clube/entidade. |
Apesar de ser gratificante e prazerosa, a recuperação de carros antigos dá trabalho extra aos colecionadores. O mecânico Ângelo Tostes cuida de carros históricos há 40 anos. “A maior dificuldade é a reposição de peças desses carros. Tem que recorrer à internet e muitas vezes só encontramos peças no exterior”, conta. O Dodge Dart De Luxo de Engel ficou um ano e seis meses na restauração. “As borrachas do vidro foram importadas dos Estados Unidos e demorou seis meses para chegar.”
O dermatologista Neudair Sanches, presidente do Clube do Carro Antigo de Maringá, não sabe ao certo quantos veículos tem, tamanha a paixão pela coleção. “Tem uns 20”, diz ele, referindo-se a modelos como Landau, Galaxie, Mustang entre outros. O clube tem aproximadamente cem associados. “Os encontros sempre superam as expectativas de público e carros. No último encontro, em agosto [em Maringá], tinha mais de 600 carros antigos.”
Alguns cuidados são importantes para manter o bom funcionamento do carro, já que não é comum os colecionadores usarem esses veículos no dia a dia. “É preciso movimentar sempre, não pode deixar parado. Trocar o óleo, testar o sistema de freio, abrir e fechar as portas e capô. E também fazer manutenção constante”, alerta o mecânico Ângelo Tostes.