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Entretenimento, a nova aposta para jornalistas da TV

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TV Globo

Foto: The Voice Brasil/TV Globo

Nos últimos tempos tem-se notado um certo movimento migratório de jornalistas, sobretudo da televisão, em direção ao entretenimento.  Um dos aspectos dessa mudança é aproveitar o desembaraço de um profissional do mundo televisivo da notícia em situações que exigem jogo de cintura e improviso. Isso não é novo. Dois jornalistas renomados já fizeram esse caminho há um bom tempo e deixaram as bancadas dos telejornais para comandar reality shows. Pedro Bial apresenta o “Big Brother Brasil”, da Rede Globo, há 12 anos e, neste ano, enveredou também para um novo projeto, “Na Moral”, mais jornalístico sem, no entanto, perder o formato light. Na emissora concorrente, Rercord, Brito Junior deixou a reportagem das ruas para comandar o programa “Hoje em dia” e, mais recentemente, o reality “A Fazenda”.

No mês passado, o jornalista Tiago Leifert abandonou as câmeras do “Globo Esporte” e foi para o comando do “The Voice Brasil”, também reality show da Rede Globo, mas destinado a revelar talentos musicais.

A mais surpreendente das recentes migrações, sem dúvida, foi a de Fátima Bernardes. A jornalista, que durante muitos anos teve o nome diretamente associado ao principal telejornal brasileiro, o Jornal Nacional,  agora comanda um programa matutino na mesma emissora, que carrega o próprio nome: “Encontro com Fátima Bernardes”.

Interesses e motivações à parte, é preciso avaliar o grau do prejuízo que a “troca de funções” na TV causa junto ao público. Muitos tomam o que o jornalista diz como verdade, sem qualquer questionamento. E ouvir de alguém, até ontem mergulhado no jornalismo, algo que não condiz com o “padrão” a que estava acostumado, pode surtir efeito contrário sobre os reais interesses desses profissionais na nova atividade. Exemplo disso ocorreu no programa de Fátima Bernardes, no mês passado, após o livre comentário: “a voz de Deus fala no final”, o que deu margem a interpretações de que ela estaria se referindo a Deus como o “povo” e, portanto, colocando pessoas comuns acima do divino. Uma brincadeira que acabou gerando revolta entre cristãos.

O fato é que acaba sendo um desperdício grande assistir a migração de jornalistas para o entretenimento. É a fama falando mais alto. Quiçá a TV não permita também o movimento inverso, pois, se o fizer, em pouco tempo o público dos telejornais poderá ser surpreendido por Fausto Silva e Ana Maria Braga na bancada do Jornal Nacional.

TV Globo

Foto: Encontro com Fátima Bernardes/TV Globo


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